SOLAR AINDA DEPENDE DE COMPETITIVIDADE
Andrea Vialli
A rápida expansão da energia solar no Brasil, que em julho alcançou 3.023 MW em potência instalada, vem ocorrendo majoritariamente graças a projetos de geração centralizada. Neles, a maior parte da energia é negociada em leilões organizados pelo governo federal. A comercialização da energia solar no mercado livre ainda é pequena, mas tem perspectivas favoráveis de crescimento.
Alves, da Electra: fonte de menor impacto ambiental e custos em queda
Segundo a Associação Brasileira de Energia Solar (Absolar), do total de potência instalada, 2.103,2 MW já estão alocados em projetos do mercado cativo, e os 919,8 MW restantes são projetos de micro e mini geração distribuída. Há ainda um volume de 1.800 MW que já foram contratados e estarão entrando em operação ao longo dos próximos anos. “A maior parte desse volume será comercializada no mercado regulado, mas uma fração de pelo menos 160 MW deverá ser destinada ao mercado livre”, diz Rodrigo Sauaia, presidente executivo da Absolar.
A participação da energia solar no mercado livre tenderá a crescer no médio e longo prazo por causa do aumento da competitividade da fonte e com as mudanças previstas no Preço de Liquidação das Diferenças (PLD), que determina os preços de energia no curto prazo. Atualmente, o país adota a formação do PLD semanal, mas a entrada em vigor dos preços horários, prevista para janeiro de 2020, deverá beneficiar as fontes intermitentes como solar e eólica.
As simulações atuais de preços horários apontam que a fonte solar fotovoltaica oferta a maior parte de sua geração nos horários de maior demanda diurna. “A tendência é de que os preços horários sejam mais altos, e a solar tende a se beneficiar no período de ponta entre 14h e 16h”, diz Josué Ferreira, consultor de negócios da Safira Energia, comercializadora com um portfólio de 700 MW, de fontes variadas. Ele estima que das usinas de geração fotovoltaica em implementação no Brasil, uma fatia de 36% será destinada à comercialização no mercado livre. “O momento é de um ‘boom’ da solar, em razão também da queda dos custos de geração. Em 2014 o preço do megawatt da solar oscilava em torno de R$ 400, hoje está abaixo de R$ 100, valor inimaginável há cinco anos”, diz Ferreira.
Empreendedores já começam a olhar com entusiasmo para a geração solar destinada ao mercado livre, embora ainda seja difícil estimar com precisão a fatia exata que será voltada para esse ambiente de comercialização. É o caso da Enel Green Power Brasil, divisão de negócios de energia renovável do grupo Enel, que tem capacidade instalada de 2.400 MW no país, entre eólica, solar e hídrica. Outros 1.900 MW de projetos eólicos e solares estão em execução, o que inclui o parque solar São Gonçalo, de 475 MW, no município de São Gonçalo do Gurgueia (PI), um investimento de R$ 1,4 bilhão. “No Piauí, uma parcela importante do projeto será destinada ao mercado livre”, diz Roberta Bonomi, responsável pela Enel Green.
A Electra Energy, que atua como comercializadora de energia e também tem participação em projetos de geração de energia renovável, está investindo em uma usina solar com capacidade para gerar até 296 MW em Gilbués (PI). O empreendimento será implantado em módulos de 30 MW, com início da construção do primeiro módulo previsto para 2020 e um investimento de R$ 120 milhões. “Temos clientes que buscam adquirir especificamente a energia solar, por ser fonte de menor impacto ambiental e custos em queda acentuada”, diz Claudio Alves, diretor presidente da Electra.
Fonte: Valor Econômico