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Sinais sinistros

Crise econômica se dissemina ainda mais, com dívidas em níveis preocupantes e aumento dos pedidos de recuperação judicial.

Os grandes bancos brasileiros avaliam que a inadimplência vai crescer de modo expressivo a partir do segundo semestre deste ano.

As maiores instituições financeiras constituem posto avançado da observação das dificuldades de pagamento na economia, dada a extensão de sua rede de atendimento. Mesmo antes desse período crítico, entretanto, tornam-se evidentes os sinais de que a crise se espalha pelas ruas.

O número de pedidos de recuperação judicial triplicou no primeiro bimestre deste ano, em relação ao início de 2015, segundo dados da Boa Vista SCPC, empresa de registro de qualidade de crédito.

Começam a pipocar notícias de que redes de vendas de roupas e brinquedos, por exemplo, procuram a Justiça a fim de tentar reordenar suas finanças e preservar negócios e empregos.

Entre algumas das maiores empresas do país, o nível de endividamento é inédito, passando de três vezes sua geração de caixa. Trata-se do limiar do nível preocupante. Ressalte-se, ademais, que é um indicador médio: há empresas em dificuldades maiores.

Grandes e tradicionais redes de lojas como o Grupo Pão de Açúcar e a Magazine Luiza registraram prejuízos no ano passado. Também em 2015 as vendas do comércio de varejo baixaram 4,3%. De 2004 a 2014, a média anual de crescimento das vendas havia sido de 7%.

Este ano começou em ritmo depressivo. A Associação Brasileira de Supermercados anotou queda de 3,4% nas vendas de janeiro, ante igual mês de 2015. Trata-se de empresas que negociam produtos essenciais, do consumo cotidiano.

Em setores que vendem bens de maior valor, que dependem de crédito e, enfim, que podem ter sua compra postergada, a situação é dramática. A produção das montadoras no primeiro bimestre deste ano foi 31,6% menor que nos primeiros meses de 2015. A quantidade de veículos fabricados caiu ao menor nível desde 2003.

É provável que a recessão de 2016 seja equivalente à de 2015, quando o PIB recuou 3,8%. Com uma circunstância agravante: as agruras de uma economia degradada serão mais sentidas no dia a dia.

O desemprego será maior, assim como a redução nacional dos salários médios. As empresas mais e mais evidenciam dificuldades de caixa. Não restaram gorduras, inadimplências tornam-se inevitáveis.

Não é razoável supor que seja possível reverter tal situação ainda neste ano. O estrago está encomendado. Causa enorme preocupação que nem ao menos surjam à vista planos para atenuar a crise em 2017. Muito pior, não há à vista governo capaz de fazê-lo. Não há governo, a bem da verdade.

 

 

Fonte: Folha SP

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