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Com recursos escassos, Caixa segura crédito imobiliário aprovado

Tomadores de empréstimo imobiliário pela Caixa Econômica Federal têm enfrentado atrasos na conclusão do financiamento, mesmo com a carta de crédito em mãos.

O Banco Central registrou 248 queixas sobre a Caixa no primeiro semestre do ano relativas a demora na liberação do financiamento, alta de 9% ante os seis meses anteriores e de 2,5% sobre igual período de 2016. “Hoje, um financiamento na Caixa pode levar até 90 dias. Em outros bancos, a média é 30”, diz Fernando Freitas Carvalho, diretor da assessoria Crednow.

O paulistano Vinicius Teixeira, 29, deu entrada no financiamento no início de setembro. “Já assinamos a carta de crédito, mas sem o contrato não pego as chaves, e os valores na construtora são corrigidos mensalmente”, diz.
Ele registrou uma reclamação no SAC do banco, e a resposta oficial foi que “a assinatura do seu contrato ainda não foi possível por falta de dotação orçamentária”.

 

“Esse problema de recursos é comum no fim do ano, mas era resolvido em três dias. Agora, tenho processos há mais de 20 dias esperando assinatura”, afirma Roberto Camilo, da RC Assessoria.

Mário Azevedo, 28, deu entrada no financiamento para uma casa em Natal (RN) em junho. Ele diz que o FGTS foi liberado, a carta de crédito, aprovada, e a assinatura do contrato, marcada para julho.

“Passou julho, chegou agosto, e o gerente disse que eu tinha que aguardar porque estavam sem dinheiro. Voltei em setembro, e não havia prazo. Agora, vem me dizer que faltou cumprir com certas obrigatoriedades. É constrangedor”, afirma.

Nos últimos meses, a Caixa anunciou restrições ao crédito, como a redução do limite financiado para imóveis usados de até 70% para 50%.

Para José Augusto Viana Neto, presidente do Creci-SP (conselho dos corretores de SP), o governo “subestimou a recuperação da economia” ao planejar os repasses. “Um diretor do banco me disse que é tudo questão de orçamento. Em janeiro, deve normalizar. Até dezembro, é uma incógnita. Poderia haver suplementação, mas acho difícil porque a captação da poupança está baixa”, diz Viana.

João da Rocha Lima Jr., do Núcleo de Real Estate da Poli-USP, explica que, com perdas na poupança, a Caixa toma recursos a taxas de mercado, para honrar contratos, mas empresta a taxas do Sistema Financeiro da Habitação, mais baratas. “O banco perde dinheiro, e acaba colocando novos contratos em espera.”

 

Fonte: Folha de SP

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