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Inflação de 2,95%?! Não a minha…

Havia 20 anos não se via uma inflação tão baixa. O IPCA fechou 2017 em 2,95%, abaixo do piso de 3% da meta estipulada pelo governo. O presidente do Banco Central teve até de explicar por que a meta não foi cumprida, como se inflação fosse coisa boa e sabemos que não é.

Agora falta explicar para milhões de brasileiros por que essa desaceleração nos preços, medida pelo IPCA, não foi sentida no bolso deles. Os técnicos explicaram que uma supersafra reduziu o preço dos alimentos (-4,85%), item de maior peso no índice -25% das despesas das famílias.

Entretanto, os preços dos outros itens que compõem a cesta do IBGE subiram. O preço do botijão de gás puxou a fila, com aumento de 16%, seguido de perto pelos planos de saúde, que ficaram 13,5% mais caros. As creches corrigiram o preço em 13,2%, o gás encanado, em 11%, e a taxa de água e esgoto, em 10,5%.

E não parou por aí. Os preços do ensino médio particular, da energia residencial e da gasolina subiram 10,3%. Tantos e elevados aumentos explicam por que o custo de vida aumentou, em maior ou menor escala.

Não sentiu alívio no bolso, pelo contrário? A explicação está no fato de que os itens que compõem sua cesta de consumo têm pesos diferentes dos pesos da cesta pesquisada pelo IBGE, produzindo outro índice, o seu índice de inflação.

Suponha que seu gasto com saúde e educação, por exemplo, corresponda a 15% e 8% do seu orçamento, respectivamente. Os pesos que o IBGE atribui a esses itens são 11% e 4,4%. Se o gasto em outros itens não compensar esse excesso, sua inflação será maior do que a oficial.

O salário do José subiu pouquinho, muito abaixo dos preços dos seus itens de consumo. E sua mulher, Maria, que trabalhava e contribuía para as despesas da casa, está desempregada. Estão muito preocupados e perguntam como sair dessa.

Não tem milagre, nem fórmula mágica. Para dar conta das despesas tentando manter uma boa qualidade de vida, só tem um jeito: ganhar mais e gastar menos.

Desempregada e com tempo livre, Maria usa sua habilidade e decide cozinhar, preparar marmitas com a boa, saudável e barata comida caseira que vai fornecer para os funcionários de alguns escritórios próximos de sua casa. O investimento é pequeno, de rápido retorno, e ela espera, em breve, ganhar mais do que ganhava no emprego que perdeu.

“Gastar menos como?”, pergunta José. O primeiro passo é um orçamento bem-feito. Nele conseguimos saber quanto gastamos por mês e, além disso, entender para onde vai nosso dinheiro, calcular quais os grupos de despesas mais relevantes.

José descobriu que a família gasta 25% da renda com alimentação e está convencido de que pode e precisa reduzir esse item. E não se trata de comer menos ou pior, pelo contrário, é possível comer melhor gastando menos, comendo em casa. Como Maria descobriu uma forma de ganhar dinheiro cozinhando, será ainda mais fácil atingir essa meta.

Quebrando a cabeça em busca de como seria possível reduzir as despesas, José percebeu que o item transporte é o maior vilão do seu orçamento. Está pensando seriamente na possibilidade de vender o carro e passar uns tempos sem ele. Já andou conversando com amigos e colegas de trabalho sobre como organizar um esquema colaborativo de transporte. Ele ainda terá despesas de transporte, mas acredita que conseguirá reduzir bastante essa fatia importante do seu orçamento.

Depois de alimentação e transportes, habitação é a terceira despesa que mais pesa no bolso. José paga aluguel e, depois de uma boa conversa com o proprietário, conseguiu manter o valor inalterado por mais um ano.

Quem paga o financiamento imobiliário pode procurar o banco e analisar alternativas para reduzir o valor da mensalidade. Dois exemplos: saldo disponível no FGTS pode ser usado para amortizar parte da dívida e o prazo do financiamento pode ser estendido para reduzir o valor da mensalidade.

Em relação a energia, água e telecomunicações, podemos mudar os hábitos de consumo. Quando não podemos mudar o preço, mudamos a quantidade, e o resultado logo será sentido no orçamento.

Nosso desafio é viver com uma cesta de consumo que caiba no nosso bolso, além de manter uma reserva e estratégia para enfrentar os aumentos que virão a cada ano.

 

 

Fonte: Folha de SP 

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