Pequenas empresas derrubam produtividade brasileira, diz Ipea
As pequenas empresas são as principais responsáveis pela baixa produtividade brasileira, segundo estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
A pesquisa constatou que há uma lacuna grande entre o nível de produtividade das grandes e médias companhias e o das de pequeno porte.
A razão entre o desempenho das empresas maiores e das menores era de 1,73 até 2012, indicam os dados mais recentes obtidos pelo estudo.
O período de crise econômica, não contemplado na pesquisa, poderá ter agravado a situação, avalia Mauro Oddo, pesquisador do Ipea responsável pelo estudo.
O aumento da informalidade nos últimos anos é um dos fatores que pode ter reduzido ainda mais a produtividade das companhias menores.
“O universo informal não é contemplado por políticas públicas, não oferece qualificação aos trabalhadores nem utiliza linhas de crédito. Isso reduz a possibilidade de a empresa inovar e desenvolver seus processos internos.”
Mesmo as empresas regularizadas apresentam um alto grau de informalidade –o que o estudo chama de semiformalidade. É o caso das companhias que fazem caixa dois ou não assinam a carteira de seus funcionários.
Outro problema do setor é que, embora existam muitos programas e entidades governamentais voltadas às pequenas empresas, falta direcionamento aos projetos e há uma escassez de dados para analisar o segmento.
“Há uma heterogeneidade grande entre as MPEs. As necessidades de uma birosca no interior são muito diferentes de uma companhia incubada. Temos uma miríade enorme de políticas públicas, mas com baixa eficácia porque não sabem aonde querem chegar.”
Por conta dessa diversidade, o estudo constata que, mesmo entre as pequenas, há empresas com nível de competitividade e de inovação equivalente ao das grandes e ao de países desenvolvidos.
Entre 2009 e 2012, 53% dos lançamentos de produtos inovadores vinham de companhias de pequeno porte.
Uma saída interessante para que as PMEs consigam expandir sua competitividade é um maior investimento em inovação direcionada ao mercado interno, avalia Oddo.
“A inovação não precisa ser algo necessariamente de alta tecnologia. Faltam soluções que atendam às necessidades nacionais.”
Fonte: Folha de SP