Queremos investir em capital humano’, diz presidente do BNDES
Maria Silvia Bastos Marques antecipa que criará programa para ensino médio
RIO – Presidente do BNDES, Maria Silvia Bastos Marques, em entrevista exclusiva ao GLOBO, contou que criará programa voltado para o ensino médio, com foco em infraestrutura e conectividade. Parcerias com estados devem incluir também iluminação pública e resíduos. Para ela, a proposta do governo do Rio para a Cedae inviabiliza universalização do serviço de saneamento no estado.
Enquanto o BNDES propõe a concessão à iniciativa privada dos serviços de distribuição de água e de coleta e tratamento de esgoto nos 64 municípios atendidos pela Cedae, mantendo apenas a captação de água com a estatal, o Estado do Rio quer começar com apenas 11 municípios, mantendo a capital e a distribuição de água com a Cedae. O que acha da contraproposta?
Na maioria dos casos, se você começa a fragmentar concessões (o Estado do Rio quer começar com apenas 11 municípios), não viabiliza o todo. Essa é uma das nossas premissas: a busca da universalização. Estamos oferecendo um acordo guarda-chuva, em que o BNDES prestaria os serviços desde a contratação de estudos até a assinatura do contrato. O consórcio que vamos contratar terá gente para fazer prospecção de investidores, definir a forma da modelagem, fazer road shows. Apoio do início ao fim. Esse programa é voluntário, o estado adere se quiser, e pressupõe a nossa coordenação. Nós é que coordenamos, porque senão não faz sentido. Estamos colocando nosso corpo técnico, tempo e recursos orçamentários. Mostramos (ao Rio) que se, em vez de olharmos um conjunto de pequenos municípios e só a concessão de esgoto, concedêssemos também a (distribuição da água), isso se viabilizaria como concessão e permitiria a universalização do serviço.
Uma área menor, e sem a capital fluminense, inviabiliza a concessão? O estado alega que seria mais rápido.
Dependendo da forma que for feita, pode inviabilizar que outros (lotes) sejam concedidos depois porque não há viabilidade econômica. A cidade do Rio é a mais fácil porque já tem volume de dinheiro muito grande. Em outras regiões, o investimento é muito alto. Essa é a beleza da modelagem que levamos. Queremos preservar a Cedae, fazendo com que seja responsável pelo fornecimento da água bruta, e, por meio de subsídio cruzado, quem tiver a concessão da capital pagaria uma tarifa maior à Cedae, que subsidiaria tarifas menores para outras regiões.
Fonte: O Globo