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Dívida global recorde gera sinal de alerta.

O ambiente global de taxas de juros mais baixas já se reflete em um aumento significativo da dívida mundial, que deve fechar o ano no nível recorde de US$ 255 trilhões. Com o alto endividamento observado em empresas não financeiras, analistas e instituições reguladoras têm se mostrado mais preocupadas com a questão. O Federal Reserve (Fed) é uma das mais recentes a emitir sinais de alerta nesse sentido, em linha com o pensamento de profissionais ouvidos pelo Valor: ainda que a dívida não se mostre uma ameaça iminente para o sistema financeiro, choques comerciais e a desaceleração global podem expor vulnerabilidades em empresas alavancadas e em estruturas não testadas de mercado.

“Nos EUA, a dívida corporativa está em torno de 45% do Produto Interno Bruto (PIB), maior nível desde a Segunda Guerra. De forma geral, não é algo muito preocupante, mas o cenário de crescimento econômico deve ser monitorado”, diz o diretor-executivo e economista-chefe interino do Wells Fargo, Jay Bryson. Para ele, duas coisas poderiam mudar esse ambiente: uma elevação substancial das taxas de juros e uma deterioração do fluxo de caixa das empresas, o que poderia ocorrer em um cenário de desaceleração da atividade econômica.

“Se as taxas de juros aumentarem bastante, as empresas veriam seus custos subirem e poderiam ter alguns problemas, mas isso não deve acontecer no curto prazo”, diz Bryson, que acrescenta que o Fed deve manter sua política monetária inalterada ao longo de 2020. Quanto a um desaquecimento econômico adicional, o economista diz que várias situações poderiam causar um choque negativo forte. Como exemplos, ele cita uma deterioração substancial das relações sino-americanas e um cenário em que tropas chineses invadissem Hong Kong.

Para o economista do Wells Fargo, “não estamos no ponto em que o setor corporativo nos EUA e no restante do mundo está prestes a entrar em colapso”. Bryson observa, contudo, que três anos atrás não havia nenhuma preocupação com o endividamento no setor corporativo, mas hoje diz estar mais apreensivo, embora não de forma exagerada.

 

Fonte: Valor Econômico.

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