Vendas das farmácias crescem 11%
Adriana Mattos
As vendas das farmácias em agosto cresceram 11%, em termos nominais, em relação a igual mês de 2018, segundo estimativa da Abrafarma, que reúne dados de 25 redes. No acumulado dos primeiros oito meses, o aumento projetado é de 10,26%. No primeiro semestre, a alta foi menor, de cerca de 9%; e no ano passado, 7,5%, o que sinaliza a aceleração do setor.
“Percebemos um aumento de consumo que reflete uma melhora na demanda nos últimos meses. Estamos considerando uma alta acima dos 10% no ano”, disse Sergio Mena Barreto, presidente da Abrafarma. Os preços dos medicamentos subiram, o que ajuda a explicar o aumento na receita, mas o reajuste foi de um dígito (4,3% em abril). Assim, a expansão recente reflete aumento no consumo, diz.
As redes associadas à entidade respondem por 44% das vendas do setor. As farmácias independentes, que não fazem parte de uma rede, 26%. Franquias e outras redes, 30%. Ao levar em conta todo o mercado, as vendas crescem, até julho, 9,5%, segundo a consultoria Iqvia.
As farmácias independentes, de menor porte, mostram expansão mais discreta, de 2,4% neste ano, até julho. Quando se considera cidades de 400 mil a 500 mil habitantes, onde as redes regionais têm peso maior, o aumento foi de 7,8% no primeiro semestre. O setor como um todo movimentou, em vendas ao clientes, R$ 116 bilhões em 12 meses, até junho.
Sobre aberturas e fechamentos de lojas, ponto que tem sido foco de preocupação no setor desde o fim de 2017, quando o mercado perdeu velocidade de crescimento, os números da consultoria mostram que foram abertas 12,7 mil farmácias nos últimos dois anos e 7,1 mil foram fechadas de maio a julho, a maior parte por lojas independentes.
Mas grande redes também estão fechando lojas. Extrafarma, do grupo Ultra, e Pague Menos são dois exemplos.
As duas redes falam em “depuração” e “ajustes”, em reação ao ritmo acelerado de inaugurações em plena crise econômica. As duas empresas crescem menos que o mercado e estão reduzindo portfólio. “Para algumas grandes cadeias, diminuiu a tolerância com a loja que ‘performa’ mal”, diz o diretor de uma rede com lojas no Rio de Janeiro. Para especialistas, faltam pontos em locais distantes das metrópoles.
O Brasil tem mais farmácias do que os Estados Unidos – 78 mil contra 67 mil. Há uma farmácia para cada 2,66 mil brasileiros. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda uma para cada 8 mil habitantes.
A Extrafarma, com 433 pontos, abriu 15 lojas fechou outras 15 no primeiro semestre deste ano. No semestre, a receita bruta, de R$ 1,1 bilhão, não cresceu.
Em nota ao Valor, a companhia informou que 2019 é um ano de transição, focado em “ajuste estratégico” e que está fazendo uma “expansão mais seletiva”. No terceiro trimestre, continuará a fechar lojas. A empresa diz que conclui neste ano a implantação de um novo sistema de tecnologia para os pontos de venda.
Maior varejista do setor no Nordeste, a Pague Menos, com 1,1 mil unidades, fez 19 aberturas e 20 fechamentos de janeiro a junho. Foi o primeiro semestre com saldo negativo de lojas em, pelo menos, quatro anos, apurou o Valor.
As vendas subiram 3,2% no primeiro semestre, ritmo abaixo do mercado. No intervalo, teve prejuízo de R$ 52,5 milhões, versus lucro de R$ 6,2 milhões um ano antes. Em um ano, até junho, a rede perdeu pouco mais de 500 mil clientes, segundo dados trimestrais publicados pela cadeia. O caixa também diminuiu – caiu de R$ 311 milhões em junho de 2018 para menos de R$ 45 milhões 12 meses depois.
Há pelo menos um ano, a empresa tem mencionado o aumento de concorrência para explicar a desaceleração e, em 2018, dizia que abria lojas como “defesa”. Especialistas dizem que a empresa fez inaugurações em locais que não deram retorno e foi obrigada a puxar o freio.
“A Raia Drogasil tem entrado pesadamente nos Estados nordestinos. Quando se esperava que a Pague Menos cresceria com a quebra da BR Pharma [forte na Bahia], foi a Drogasil que ocupou os terrenos”, diz um varejista do Sul.
Em nota ao Valor, o vice-presidente financeiro da Pague Menos, Luiz Renato Novais, afirma que a rede abriu mais de 400 unidades nos últimos três anos e “alguns fechamentos são naturais num processo de expansão tão rigoroso”. Afirmou que o Nordeste tem sido afetado pelo desemprego e queda no consumo, e que a companhia tem feito ajustes para elevar produtividade. Também observou que as despesas têm crescido menos que a receita no ano, levando a um ganho no lucro operacional.
Fonte: Valor Econômico