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Brasileiros diversificam participação no exterior

Suzana Liskauskas

O investidor brasileiro passou por um processo de aprendizado nos últimos anos e percebeu que internacionalizar o patrimônio é um caminho irreversível. Diferentemente do passado, quando a diversificação do portfólio era usada como proteção ao risco Brasil, o momento atual estimula o investidor a fazer alocações no exterior por questões de retorno. Os mercados internacionais oferecem acesso a uma grade diversidade de classes de ativos, com mais liquidez, maior diversificação de gestores e oportunidades que não aparecem no mercado brasileiro.

No segmento private, os volumes disponíveis combinam com produtos focados nos segmentos internacionais de private equity e imobiliário disponíveis para seletos grupos de investidores. Cesar Chicayban, responsável pelo private banking do Citi Brasil, defende um portfólio de ativos no exterior em investimentos alternativos que combinem hedge funds, private equity e real estate. De acordo com ele, o cliente brasileiro vem percebendo que é preciso tomar mais risco e aumentar o prazo de seus investimentos.

Caio Mercadante, do BNP Paribas: Private equity direcionado a real estate, com ativos nos EUA, Canada´, Europa e Ásia

Caio Mercadante, do BNP Paribas: Private equity direcionado a real estate, com ativos nos EUA, Canada´, Europa e Ásia

O Citi tem reforçado sua estratégia na Ásia e lançou, no último trimestre de 2018, um fundo de private equity com a chinesa Primavera Capital Management. Chicayban destaca que este ano o banco apresentou um produto de real estate com o empreendimento Hudson Yards, em Nova Yorque (EUA), e um fundo de private equity focado em tecnologia nos Estados Unidos (EUA) e Europa com a CVC Capital Partners. “Também este ano fizemos uma parceria com a Walton Street para oferta de investimentos em crédito estruturado ligado ao mercado imobiliário americano”, diz.

Sven Blake, responsável pelo segmento private da XP na Europa, conta que trabalha em conjunto com family offices nos EUA e Europa para apresentar ao cliente no Brasil produtos diferenciados. As novidades envolvem etapas anteriores a IPO, estreia de uma empresa na bolsa, e operações de crédito privado.

“Se tenho um cliente no Brasil que atua em seguros, posso apresentar opções de investimentos em empresas de previdência na China, mercado que está crescendo muito. Para quem é do ramo, fica mais simples de entender a estratégia e abraçar essas oportunidades”, exemplifica Blake.

No Credit Suisse, o Brasil ganhou novo status em setembro de 2018, quando deixou de ser parte da divisão de América Latina e tornou-se unidade independente, batizada de International Wealth Management Brazil (IWM). Marcello Chilov, responsável pela área de transações táticas e estruturadas do IWM Brasil do Credit Suisse, afirma que o cliente brasileiro quer ativos menos convencionais.

“Há alguns anos, havia, entre clientes brasileiros, concentração em bonds, inclusive de empresas brasileiras. Hoje o cliente tem mostrado mais disposição para propostas diferentes, como investimentos em nichos de tecnologia. A busca é por mais retorno com baixa correlação”, afirma Chilov.

Guilherme Salgueiro, diretor executivo do BTG Pactual Wealth Management ressalta que, no mercado externo, há uma dinâmica em buscar temas de investimento não acessíveis no Brasil. Salgueiro diz que há um aumento de demandas em setores ligados a tecnologia, biotecnologia e inovação.

“Cresce também o interesse pelo mercado de crédito privado, muito mais desenvolvido no exterior que o mercado interno. Dívida lastreada em ativos traz uma segurança significativa para o investidor e tem sido um tema importante para nós”, afirma Salgueiro.

No BNP Paribas, a área de Wealth Management também tem destacado o segmento private equity. Caio Mercadante, economista-chefe da advisory desk no BNP Paribas Wealth Management, explica que há boas oportunidades em private equity direcionado a real estate, com ativos nos EUA, Canadá, Europa e Ásia. Neste caso, o BNP Paribas desenvolveu um produto com a Blackstone.

“Outra estratégia que temos adotado é formar um fundo local que ofereça acesso ao exterior. Um exemplo o é Access Diversified Dynamic FIM – IE. A estratégia combina avaliações quantitativas com gestão fundamentalista na busca por relação risco versus retorno”, relata Caio Mercadante.

Ricardo Lopes, superintendente do private banking do Santander, observa que o maior grau de transparência da indústria de private equity tem feito esse segmento despontar na preferência de clientes private com maior volume para investimentos.

“Outro destaque no topo da categoria private são os investimentos imobiliários, seja por meio de fundos ou consultoria para compra de ativos no exterior. Firmamos uma parceria com o Fundo Brookfield para oferta de unidades em Manhattan, para desenhar um produto destinado exclusivamente a clientes Santander. O investimento mínimo é de US$ 10 milhões”, explica Lopes.

Fonte: Valor Econômico

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