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Renault e Fiat Chrysler negociam fusão

Por Peter Campbell, James Fontanella-Khan, David Keohane e Kana Inagaki | Financial Times, de Londres, Paris e Tóquio

A Fiat Chrysler e a Renault estão considerando uma troca de participações ou investimentos entre elas como parte de amplas negociações que podem levar a uma fusão completa, de acordo com pessoas próximas as montadoras.

A Renault concordou em adiar qualquer plano de se unir à Nissan do Japão no curto prazo se chegar a um acordo com a FCA. Essa foi a condição estipulada pela montadora ítalo-americana para manter as conversas, de acordo com duas fontes.

A notícia das negociações foi publicada pela primeira vez, no fim de semana, pelo Financial Times. Um acordo ajudaria as empresas a racionalizar os recursos à medida que lutam para sobreviver em uma indústria afetada pela queda das vendas e por mudanças tecnológicas.

As duas empresas devem anunciar hoje que estão negociando uma colaboração em diversas áreas, incluindo conectividade, tecnologia de veículos elétricos e plataformas de manufatura, disseram as pessoas. As empresas também devem afirmar que as discussões incluem a possibilidade de troca de participações, seja por meio de ações ou de investimento nos negócios uma da outra.

Uma fusão completa – que poderia ser estruturada como uma união com participações iguais – também está sendo considerada, de acordo com duas pessoas próximas aos planos.

A condição da Renault de adiar uma fusão com a Nissan, que provavelmente não será incluída no esperado anúncio de hoje, deve esfriar as tensões entre franceses e japoneses, que aumentaram após a prisão de Carlos Ghosn, ex-líder da aliança, há oito meses.

O adiamento de uma fusão entre Renault e Nissan também permitiria que as empresas se concentrassem em seus próprios negócios, em vez de políticas internas ou possíveis mudanças em suas alianças.

As discussões entre a Renault e a FCA estão em andamento e podem não levar a um acordo, alertaram pessoas próximas às negociações. No entanto, a Renault deve realizar uma reunião do conselho imediatamente após o anúncio na manhã de hoje para discutir as propostas. Renault, FCA e Nissan se recusaram a comentar.

Uma parceria com a FCA permitiria à Renault ampliar suas opções, já que sua aliança global com a Nissan lida com a deterioração dos lucros nos EUA e com uma mudança em toda a indústria para veículos elétricos e autônomos.

Os motivos que levaram às conversações foram puramente estratégicos e não havia intenção de atacar a Nissan em relação a outros cenários potenciais, de acordo com uma pessoa próxima à gerência sênior da empresa francesa. “É realmente uma vitória para todos. Não é para machucar ou rejeitar ninguém”, disse outra pessoa informada sobre o pensamento da Renault.

Ainda assim, espera-se que as negociações pressionem a parceira japonesa de longa data da Renault, que não estava diretamente envolvida nas discussões, embora possam resultar na adesão da FCA à Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi no futuro, segundo pessoas próximas ao grupo japonês.

Alguns membros da Nissan responderam com ceticismo às notícias sobre as negociações. Eles disseram que viram a medida como uma tática da Renault para pressionar o grupo japonês, já que a montadora francesa passou a trabalhar por uma fusão completa na sequência da prisão e destituição de Ghosn.

As mesmas pessoas disseram acreditar ser uma tentativa planejada da Renault avançar as negociações com a FCA antes de meados de junho. Assim, a questão será levada pelos acionistas da Nissan para avaliação na sua reunião anual no fim do próximo mês.

O estado francês, que possui 15% da Renault, foi mantido informado das discussões. De acordo com uma fonte do governo, o estado foi informado de que as conversas “estavam em andamento entre as duas empresas há várias semanas” e na sexta-feira foi dito que “uma proposta poderia ser feita ao conselho da Renault nos próximos dias”. As “autoridades japonesas foram imediatamente informadas”.

A mesma fonte acrescentou que se uma fusão fosse aprovada pela Renault, o governo francês monitoraria o impacto sobre o emprego e esperava que o negócio “pudesse acontecer dentro da estrutura da aliança para garantir a sua sustentabilidade e fortalecê-la”.

Espera-se que as negociações para adicionar um novo parceiro à aliança pressionem ainda mais as relações com a Nissan, na medida em que os executivos se preparam para realizar sua reunião mensal de alianças em Tóquio, na quarta-feira. A montadora japonesa rejeitou repetidamente as negociações formais de fusão com a Renault. O presidente-executivo da Nissan, Hiroto Saikawa, disse em abril ao presidente da Renault, Jean-Dominique Senard, e seu chefe executivo, Thierry Bolloré, que ainda não estava interessado em discutir uma fusão completa.

A aliança, formada em 1999, tem uma estrutura complicada, com a Renault detendo uma participação de 43% na Nissan com direitos totais de voto, enquanto o grupo japonês possui 15% da Renault. A Mitsubishi aderiu à aliança em 2016, depois que a Nissan assumiu uma participação de 34% no negócio. (Com Leo Lewis e Arash Massoudi).

Fonte: Valor Econômico

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