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Mais companhias aderem à remuneração variável para reter funcionários

Letícia Arcoverde

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O número de empresas que oferecem remuneração variável aumentou no último ano, e a promessa de bônus é vista como estratégia de retenção de funcionários por mais de metade das companhias, segundo pesquisa da empresa de recrutamento Hays. Para a maioria dos profissionais, a remuneração será o principal motivo para trocar de emprego em 2019.

O levantamento teve participação de cerca de 400 empresas e 2.600 profissionais do Brasil. Em 2018, 62% das companhias disseram ter programas de remuneração variável como parte relevante da política salarial, contra 57% em 2017. O número de empresas que não têm programas caiu de 29% para 25% no mesmo período, enquanto cerca de 13% têm remuneração variável mas não a consideram importante para a política salarial. A maioria leva em conta os resultados da empresa e o desempenho individual no cálculo dos valores.

Para Jonathan Sampson, diretor da Hays para a América Latina, a ampliação do uso de remuneração variável é natural em períodos de turbulência econômica em que o desempenho da empresa não vai bem, como forma de prometer retorno financeiro aos funcionários sem se comprometer caso a empresa não melhore os resultados.

O bônus anual é o elemento mais citado por empresas como política de retenção (60%). “É um processo natural, mas não achamos que essa seja uma boa prática, porque se você tem um funcionário que não está engajado e não quer estar lá, faz mais sentido encorajá-lo a deixar a empresa do que mantê-lo”, diz Sampson. Cerca de 55% das empresas também destacam programas de coaching e de mentoria como estratégia de retenção, e 47% citam outros tipos de gratificação por alto desempenho além do bônus.

Sampson destaca que 51% das empresas pesquisadas afirmam não ter políticas de retenção de talentos, no mesmo ano em que 65% dos profissionais consideravam mudar de emprego. Na opinião de 62% das empresas, o turnover não vai aumentar em 2019. Sampson, no entanto, acha que a perspectiva mais positiva da economia vai provar o contrário, e que a tendência é que este ano seja marcado por mais movimentações de profissionais, especialmente em áreas muito demandadas como tecnologia.

“Se no passado os funcionários estavam mais apreensivos, agora eles estão mais confortáveis para tomar essa decisão, e eles olharão para o salário e para o potencial de crescimento na hora de decidir”, diz. As próprias empresas, em maioria (86%), planejam fazer novas contratações CLT em 2019. Cerca de três quartos também pretendem usar o trabalho de profissionais temporários, terceirizados e PJs.

Para 75% dos profissionais respondentes, o pacote de remuneração está entre as principais motivações para mudar de emprego. Dentro dele, se confrontados com duas ofertas de emprego, 59% escolheriam com base no valor do salário, 26% observariam benefícios, 8% a remuneração variável e 7% os bônus oferecidos pela empresa. “Isso vai criar pressão para as companhias, mas é importante ter uma estratégia de retenção de longo e médio prazos também”, diz. Para 50% das empresas, a limitação das competências das equipes foi responsável pela companhia não atingir metas em 2018, enquanto 33% atribuem a falta de resultados ao quadro de funcionários reduzido.

A maioria dos profissionais entrevistados pela pesquisa (53%) acha que seu salário não é adequado para seu trabalho e responsabilidade atuais, mais do que o registrado um ano antes. A área jurídica (74%), de relações governamentais (67%) e de compras (54%) se destacam com o maior número de insatisfeitos. Eles não estão sozinhos, no entanto. Até mesmo 69% dos detentores do maior salário das empresas, os CEOs, acham que mereciam receber mais do que recebem hoje.

Fonte: Valor Econômico

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