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Escolas adaptam currículo para atender à nova demanda

Danylo Martins

Com as mudanças no perfil do profissional de contabilidade, as universidades também começam a repensar suas grades curriculares. A Trevisan Escola de Negócios planeja uma nova matriz para 2020. A ideia é ampliar o programa de 380 para 500 horas, inserindo um conjunto de disciplinas ligadas à tecnologia, como data science e data analytics, e aulas sobre Power BI, conjunto de ferramentas de análise de negócios.

“As empresas precisam de profissionais que saibam analisar dados, assim como gerenciar e dar feedbacks”, diz Márcia Santos, coordenadora da graduação em ciências contábeis da escola. Segundo ela, entre as novidades para 2020 está uma matéria focada em ‘soft skills’, que discutirá assuntos como gerenciamento de conflitos e gestão de pessoas. As alterações coincidem om a chegada do executivo VanDick Silveira, ex-presidente do Ibmec, que assumiu o cargo de CEO da Trevisan no início do ano.

Em maio, a escola também firmou parceria com a London School of Business and Finance. O acordo prevê que os alunos tenham acesso a cursos da instituição do Reino Unido sem ter que sair do Brasil, entre eles, a graduação em administração de empresas e contabilidade, que habilita para a Association of Chartered Certified Accountants (ACCA).

Para Ronaldo Fróes, coordenador da graduação em ciências contábeis e pró-reitor da graduação da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap), a profissão de contador tem se transformado desde a década de 1990 com a informatização, mas as mudanças ganharam rapidez com os avanços tecnológicos. “Até pouco tempo, existiam funções de transcrição de notas fiscais ou extratos bancários. Agora, a tendência é que esses postos diminuam”, diz.

O novo contexto requer do profissional contábil habilidade analítica e capacidade de resolver problemas complexos, segundo ele. Nos últimos anos, a instituição incluiu na matriz curricular do curso de graduação disciplinas que abordam as chamadas “soft skills”, como inteligência emocional, capacidade de trabalhar em equipe e comunicação interpessoal. A partir do segundo semestre, os alunos da graduação também terão uma disciplina eletiva de programação. “É uma demanda dos alunos. A ideia é incluir sta disciplina como obrigatória no próximo ano”, diz.

Embora o domínio de linguagens de programação, inovação, empreendedorismo e “soft skills” seja importante, isso não significa diminuir a importância das competências técnicas, lembra Fróes. “Não adianta ser uma pessoa inovadora, criativa, que resolva problemas, se você não conhece as normas contábeis, as obrigações fiscais e acessórias”, diz. O desafio, segundo ele, é aprender a aprender.

Há pelo menos 20 anos, a contabilidade tem vivido um movimento de globalização, conhecido como convergência ou harmonização de normas contábeis, lembra o professor Carlos Alberto Pereira, coordenador da graduação em ciências contábeis da Faculdade de Economia e Administração (FEA-USP). Ao mesmo tempo, ele diz que um dos maiores desafios é a capacidade de interagir com outras áreas.

Na última versão da grade curricular da graduação, em vigor desde 2014, essa integração foi um dos eixos de mudanças, com inclusão de disciplinas obrigatórias de administração, direito, economia e psicologia. “Também acrescentamos mais disciplinas optativas para que o aluno pudesse endereçar melhor a carreira”, diz Pereira. Entre elas, estão matérias ligadas a finanças, tecnologia e questões tributárias. O professor acrescenta, ainda, que a área de contabilidade não se limita à atuação como contador. O profissional pode ser auditor, analista, consultor ou controller, por exemplo.

Além da formação técnica, o profissional precisa ter boa comunicação e saber utilizar as novas tecnologias, principalmente de processamento e armazenamento em nuvem, diz Flávio Roberto Mantovani, coordenador da graduação em ciências contábeis da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Na escola, além dos módulos estarem relacionados, os estudantes desenvolvem projetos integrados à faculdade de informática.

Fonte: Valor Econômico

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