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Cresce o número de IPOs, fusões e aquisições no país

Roseli Loturco

A confirmar o ritmo de largada, 2019 pode ser o ano da retomada do ciclo de operações geradoras de riqueza com maior valor agregado para o país. De janeiro a março, foram registradas 174 transações de fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês), um crescimento de 14% em relação ao mesmo período de 2018, segundo levantamento da PwC Brasil obtido com exclusividade pelo Valor. O número está abaixo da média anual de 185 transações, entre 2010 e 2015, mas confirma a retomada das operações de M&A de forma cautelosa, no compasso da execução das medidas econômicas anunciadas.

A maior expectativa gira em torno da aprovação da reforma da Previdência, que segundo especialistas deve aumentar o volume de transações e melhorar a precificação de ativos. “Se tiver a reforma, o número de fusões e aquisições este ano deve aumentar acima de 20% em comparação com 2018 e parte da diferença deve vir do valor de cada transação, que irá subir”, diz Rogério Gollo, sócio da PwC Brasil.

Gollo, da PwC: com reforma da Previdência, crescimento deve ser de 20%

Gollo, da PwC: com reforma da Previdência, crescimento deve ser de 20%

Só em seu escritório, Gollo trabalha com 50 processos de M&A de empresas de médio porte com faturamento entre R$ 50 milhões a 300 milhões por ano dos segmentos de consumo, saúde, fornecedores da indústria, equipamentos de segurança e varejo. “São empresas emergentes, familiares, em setores com expectativas de crescimento acelerado; grupos que querem se desfazer de parte da operação e se animam com o possível cenário econômico melhor e o juro baixo, que facilita o financiamento para essas operações”, explica Gollo.

Segundo a KPMG, que pesquisa fusões e aquisições no Brasil desde 1994, os dados do final do ano passado já indicavam a retomada represada dessas operações. Foram 967 transações concretizadas em 2018, segundo o levantamento da consultoria.

Além das M&A, entre janeiro de 2018 e o mês passado, foram feitos 16 registros na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para abertura de capital (IPO, na sigla em inglês) de empresas de diferentes setores econômicos. Sete continuam em análise e nove desistiram à espera de um ambiente econômico e político mais adequado. “Estamos trabalhando em dez operações de empresas brasileiras para IPOs no Brasil ou nos EUA”, afirma Marco André Almeida, líder de consultoria em negócios da KPMG Brasil. Segundo Almeida, o valor das ações reflete a expectativa dos investidores em relação ao futuro do país. Os especialistas defendem que essas operações de IPO e de fusões e aquisições promovem ganho de capital elevado a seus acionistas, que costumam usar parte do ganho investindo em outros empreendimentos ou em ativos financeiros gerando um ciclo ‘alavancador’ de riqueza no país. São os chamados eventos geradores de liquidez e por isso são tão aguardados por bancos, consultorias, investidores e uma cadeia de empresas afetadas diretas ou indiretamente por essas transações.

A KPMG lembra que os fundos de private equity são os grandes responsáveis e têm impacto relevante no sucesso dos IPOs. “A indústria de private equity tem em torno de R$ 154 bilhões de capital comprometido e R$ 35 bilhões disponíveis para investimentos no Brasil. No mundo há mais de US$ 1 trilhão”, afirma Almeida. “O Brasil disputa recursos de private equity com outros países emergentes, daí a importância de se controlar o déficit fiscal e a dívida com a reforma da Previdência”, diz. Como esses fundos fazem investimentos de longo prazo, a perspectiva de horizonte de investimentos é importante para tomada de decisão.

Na avaliação da G5 Partners, há um grupo expressivo de empresas qualificadas e prontas para se listar em Bolsa. Têm estrutura e estratégia sólidas para fazer uso dos recursos captados e acelerarem o crescimento. “As que desejaram fazer e não fizeram a abertura é porque os investidores não apresentaram apetite suficiente. Assim que tiverem uma sinalização clara, elas retornam a essas operações imediatamente”, analisa Levindo Coelho Santos, sócio da consultoria. Essas operações, vindo a mercado, devem destravar várias pautas além de IPOs e M&A. “Irão gerar investimentos também no segmento imobiliário e financeiro. Isso tudo capilariza os recursos de forma dinâmica e pulveriza os investimentos”, diz Santos. Hoje, 60% das operações que a G5 auxilia são de M&A, com recursos de private equity e venture capital, e 10% dos projetos especiais são para abertura de capital. “Estamos acompanhando 15 transações ativas, sendo três IPOs, 12 M&A e cinco reestruturações de dívidas”, afirma.

Fonte: Valor Econômico

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