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Copel reforça caixa para relicitação da usina Foz do Areia

Camila Maia

A estatal paranaense Copel avalia novos projetos de geração de energia e transmissão, mas o grande objetivo da companhia é reter caixa para ser competitiva em uma eventual relicitação da hidrelétrica Foz do Areia, maior ativo da companhia, cuja concessão vence em 2023. “Vamos preparar a companhia do ponto de vista econômico e financeiro para enfrentar o leilão de Foz do Areia”, disse Daniel Slaviero, presidente da companhia, em entrevista ao Valor. Segundo ele, a estimativa da companhia é que a outorga mínima em um leilão de relicitação fique entre R$ 3 bilhões e R$ 4 bilhões.

Com 1.676 megawatts (MW) de potência, a hidrelétrica, que foi renomeada como Bento Munhoz da Rocha Netto em homenagem ao ex-governador do Paraná que criou a Copel em 1954, é emblemática por representar cerca de um terço da capacidade instalada da companhia.

Com a conclusão dos investimentos neste primeiro semestre, a Copel prevê geração adicional de caixa de até R$ 450 milhões neste ano. Esse valor vai ajudar a reduzir o endividamento, atualmente elevado, e reter caixa para a disputa pela hidrelétrica.

“Os investimentos tendem a cair agora. Estamos fechando um ciclo e podemos abrir outro ciclo de investimentos, tanto que avaliamos fortemente os leilões de junho e setembro”, disse Slaviero, se referindo aos leilões A-4 e A-6, respectivamente, anunciados pelo governo.

O projeto da hidrelétrica Telêmaco Borba, no rio Tibagi (PR), poderia ser opção de investimento no A-6. “Olharemos o ciclo de investimento, sempre lembrando que nossa ‘joia da coroa’ se chama Foz do Areia”, reiterou Slaviero.

Em teleconferência realizada na sexta-feira, o diretor financeiro da Copel, Adriano Rudek de Moura, disse que a companhia vai ter critérios mais rigorosos para novos projetos.

A empresa prevê investir R$ 1,99 bilhão em 2019, montante 23% menor que os R$ 2,6 bilhões de 2018.

Segundo Slaviero, a companhia passou por um aprendizado na qual fortaleceu a governança interna, o que será aplicado em novos investimentos. “Os trâmites internos se aperfeiçoaram para que não haja nenhum tipo de euforia e atropelo, que foram justificativas dadas para alguns investimentos feitos no passado e que não corresponderam ao esperado”, disse.

Ao Valor, Moura contou que, no passado, alguns investimentos foram feitos sem sequer serem apreciados pelo conselho de administração. “Hoje todos vão para o conselho, independentemente do montante”, disse.

No braço de distribuição, a prioridade da Copel é zerar a diferença entre o Ebitda (sigla em inglês para resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização) realizado e o regulatório, a fim de garantir sua rentabilidade. Em 2018, a Copel Distribuição realizou um Ebitda de R$ 800 milhões, 23% abaixo do regulatório, de º R$ 1,043 bilhão. A diferença ainda é relevante, mas muito menor que a vista nos últimos anos. Em 2016, era de 86% e em 2017, de 43%.

“Zerar a diferença está no topo da nossa agenda”, disse Slaviero. O Ebitda regulatório é o retorno que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) calcula para a distribuidora na revisão tarifária. Quando a cifra fica abaixo do valor determinado, significa que o retorno está sendo menor do que poderia.

Para isso, a companhia está aumentando os investimentos em distribuição de energia. A revisão tarifária da empresa acontece em 2021, quando os investimentos devem ser capturados na nova base de ativos regulatórios (RAB, na sigla em inglês) que será definida. “No plano estratégico anterior, o objetivo era zerar a diferença para o Ebitda regulatório antes de 2021. Estamos antecipando esse objetivo em um ano, a ideia é atingir isso neste ano”, disse Slaviero, ressaltando que não se trata de meta.

A Copel vai investir R$ 1,99 bilhão em 2019, 23% a menos que os R$ 2,6 bilhões de 2018. Do total, R$ 1,359 bilhão vão para a operação, sendo R$ 836 milhões em distribuição de energia, R$ 233 milhões em geração e transmissão e R$ 290 milhões na Copel Telecom – que está sendo preparada para venda. Em distribuição, os investimentos serão voltados para a modernização da rede e melhora do atendimento aos clientes. “Com sistemas inteligentes e religadores automáticos, por exemplo, você reduz custos de operação”, afirmou Slaviero. 

Fonte: Valor Econômico

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