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Copel inicia a venda de seu braço de telecom

Camila Maia

A estatal paranaense Copel deu um importante passo na execução do seu plano de desinvestimentos ontem, quando seu conselho de administração aprovou a contratação dos assessores financeiro e jurídico que vão atuar na venda da Copel Telecom, primeiro dos ativos da estatal de energia que será privatizado. A assessoria financeira ficará com o Rothschil, enquanto o escritório Cescon Barrieu será responsável pelos aspectos jurídicos do negócio.

Daniel Slaviero, presidente da Copel: "Queremos ter formato de venda mais fácil de ser entendido por investidores estrangeiros, de infraestrutura e private equility"

Daniel Slaviero, presidente da Copel: “Queremos ter formato de venda mais fácil de ser entendido por investidores estrangeiros, de infraestrutura e private equility”

A expectativa da companhia é que a venda seja concluída no primeiro trimestre de 2020, para que os recursos levantados possam ser reinvestidos em empreendimentos de geração e transmissão de energia, disse, em entrevista ao Valor, o presidente da Copel, Daniel Slaviero. Segundo o executivo, a ideia com essa operação é atrair investidores financeiros e de infraestrutura. A contratação do Rothschild como assessor financeiro da operação reforça essa intenção de atrair investidores além dos tradicionais operações de telecom. “Queremos ter um formato de venda mais fácil de ser entendido por investidores estrangeiros, vamos buscar investidores de infraestrutura e também de private equity”, afirmou.

A Copel já vinha trabalhando na segregação dos ativos do seu braço de telecomunicações dos de distribuição de energia. Agora, com a contratação oficial dos assessores, tudo passará por novo escrutínio, inclusive a avaliação do valor a ser arrecadado com a operação. Esse processo deve levar de 60 a 90 dias, sendo concluído no máximo até o fim de setembro. Depois disso, a Copel espera levar de 30 a 45 dias para os ritos de governança necessários para a operação, que incluem a obtenção de aprovação pelo conselho de administração e pela assembleia de acionistas da companhia.

Definido e aprovado o modelo de venda, será aberto data room (sala virtual de informações) e a estatal vai trabalhar para concluir a venda no primeiro trimestre do ano que vem. Ainda não se sabe se a venda do ativo será por meio de leilão, como fez a Cemig com seus ativos de telecom ano passado, ou por meio de concorrência semelhante ao executado pela Petrobras nos seus processos de desinvestimentos.

A Copel fez seus próprios cálculos sobre o que poderá arrecadar com a venda da empresa de telecom, mas os valores serão revistos pelos assessores. “Vamos agora fazer um processo de revalidação”, disse Slaviero. O Valor apurou que a companhia avaliou o ativo em cerca de R$ 1,3 bilhão, mas o executivo não confirmou o valor, que ainda está “em aberto”. Segundo ele, a Copel Telecom tem capacidade excedente na rede que não tem utilização. “Operadores privados vão otimizar muito a capacidade instalada. Esse tipo de estudo que vamos fazer para saber qual valor o ativo pode atingir”, disse.

Os recursos que entrarem no caixa devem ir, prioritariamente, para investimentos em geração, transmissão e serviços de energia. “Nossa prioridade é fortalecer o desenvolvimento da companhia”, disse. “Se não acharmos projetos que tenham atratividade e uma taxa interna de retorno que consideremos razoável, vamos revisitar essa decisão”, completou.

Não há uma destinação carimbada nem preferência se será geração ou transmissão, por exemplo. Segundo Slaviero, projetos “brownfield” (já operacionais e gerando caixa) são preferíveis, por envolverem menos riscos. “Isso mostrará certo conservadorismo e cautela da empresa de não entrar em projetos com muito risco, até levando em conta o histórico da Copel. Queremos ser mais cautelosos do que a empresa foi no passado”, afirmou.

Concluída a venda da empresa de telecomunicações, a participação da Copel na Compagas, distribuidora de gás do Paraná, será o próximo ativo a ser desinvestido pela estatal. Segundo Slaviero, as mudanças no marco legal do setor de gás do país devem favorecer a operação. Antes disso, contudo, é necessário resolver um imbróglio que se arrasta referente à concessão da companhia. A Compagas celebrou no passado um contrato de concessão com o Estado do Paraná com prazo final em julho de 2024. Em dezembro de 2017, contudo, o Paraná promulgou uma lei que colocou a data de vencimento em janeiro de 2019. A companhia opera a concessão desde então em cima de uma liminar.

A Copel tem 51% de participação na Compagas. Gaspetro e Mitsui têm 24,5% cada uma.

“A Compagas é o próximo item da lista, mas antes disso temos a complexidade da discussão sobre a concessão”, disse Slaviero. “Mas estamos acompanhando as mudanças estruturais no mercado de gás”, disse. A companhia segue aguardando as medidas efetivas que serão propostas pelo Ministério de Minas e Energia e pelo Ministério da Economia sobre o assunto. “Vemos isso muito positivamente, vai ser um fator de atratividade enorme para o ativo”, disse.

A outra prioridade da companhia é ter uma solução para a hidrelétrica Foz do Areia, cuja concessão vence em 2023. A Copel avalia propor a venda do controle da usina em troca da extensão da concessão, a exemplo do que foi feito com a Cesp ano passado.

Fonte: Valor Econômico

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