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Ânima pões foco em curso de medicina, novo ‘queridinho’ do ensino superior

Beth Koike

A Ânima criou uma frente de negócio para a área de medicina, cujo crescimento se dará de forma orgânica e também pode ocorrer via novas aquisições. Na segunda-feira à noite, a companhia anunciou a compra da UniAges, instituição de ensino da Bahia focada em medicina, por R$ 200 milhões. Com isso, o número de alunos matriculados nesse tipo de graduação poderá saltar dos 1,2 mil para cerca de 4 mil daqui a cerca de seis anos.

“Continuamos analisando aquisições e o nosso interesse é por instituições com cursos de medicina” disse Átila Simões, vice-presidente de expansão da Ânima.

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A estratégia de apostar nessa área é fundamentada em dados robustos. Estima-se que os cursos privados de medicina movimentem cerca de R$ 9 bilhões por ano. São cerca de 95 mil estudantes no país e o valor mediano das mensalidades é de R$ 7,8 mil, de acordo com dados da Hoper, consultoria especializada em educação. “Os cursos de medicina são o filé mignon do setor. Haverá uma demanda por essa graduação por pelo menos dez anos”, disse William Klein, presidente da Hoper.

Em julho, o grupo brasileiro Afya, voltado para faculdades de medicina, levantou R$ 1,1 bilhão (US$ 300 milhões) em sua abertura de capital na Nasdaq, nos Estados Unidos. A demanda dos investidores foi 14 vezes superior à oferta de ações.

Há uma expectativa no setor de que até o fim deste ano o governo flexibilize as regras de abertura de novas vagas de medicina, derrubando a medida do ex-presidente Michel Temer que congelou a criação de novas vagas por cinco anos. “Mesmo se houver essa abertura, que tem grandes chances de ocorrer num governo mais liberal, o processo será gradual e a demanda por cursos de medicina continuará alta” disse Klein.

O Bradesco BBI destacou em relatório que o setor de educação cresce, hoje, por meio do ensino a distância e graduação de medicina, e como a Ânima não opera cursos on-line, a aquisição da UniAges foi acertada. O mercado financeiro recebeu bem a transação e os papéis do grupo encerraram o pregão de ontem com alta de 4,86%.

O valor da transação, equivalente a dez vezes o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) também foi considerado positivo. “Esse é o múltiplo para uma instituição de ensino com medicina. Uma IES sem esse curso é negociada entre seis e oito vezes o Ebitda”, disse o presidente da Hoper.

A oferta da Ânima não foi a mais alta financeiramente, mas pesou a seu favor o fato de que a proposta incluia a manutenção da equipe. “O fundador, o professor José Wilson, tem uma preocupação muito grande com o legado e manutenção do time. Isso estava na nossa proposta. Não precisaremos fazer uma grande reestruturação, já havia uma equipe enxuta, com pessoas muito qualificadas”, disse o vice-presidente de expansão da Ânima. O fundador, José Wilson Santos, receberá parte do pagamento em ações da Ânima, que serão correspondentes a uma participação de 2% na companhia.

A aquisição marca ainda a entrada da Ânima no Nordeste que, até então, operava em São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Paraná e Santa Catarina. Hoje, a companhia tem cursos de medicina na Universidade São Judas Tadeu e UNI-BH com quase 1,3 mil alunos. “Um grupo que se propõe a transformar o país pela educação precisa estar no Nordeste”, disse Simões.

Fonte: Valor Econômico

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